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Friday 27 January 2012

Ideias delirantes...


Ideias Delirantes...

"...Gostaria de saber sobre a capacidade que as pessoas têm de acreditar em seus delírios, elas criam situações em suas cabeças a partir de seu ponto de vista e mesmo que todos lhes mostrem o equívoco ela acredita piamente no que quer. E como é frequente isso! Será um “defeito” ou só cabeça dura mesmo?..."

Conceitos que vamos usar:
Ativar” = maior atividade sináptica, Sinapses é a comunicação eletroquímica entre os neurônios (células do sistema nervoso) 
Desativar” = menor atividade sináptica possível.
Desligar ou desconectar” = ainda quando usamos a palavras “desligar” ou “desconectar” o cérebro nunca desliga nada, é uma forma de dizer “desativar”.
Informação” = sinais eletroquímicos procedentes da sinapse que percorre os nervos até o cérebro e vice versa. O sistema de comunicação é sempre em forma de arco, ou duas vias, uma que sai do cérebro e atinge os órgãos e uma que sai dos órgãos e comunica com o cérebro. Sempre duas vias.
Energia” = Nada místico, energia aqui sempre será a produção de novas células e restauração das mesmas, através de nutrientes, água, oxigênio etc., favorecendo o ótimo metabolismo (trabalho) das células. 

Delírios? Ou ideias delirantes?

Delírio é uma condição psicológica. É um estado agudo de confusão na percepção, caracterizado por perturbação da realidade e acompanhada por graus variáveis ​​de comprometimento cognitivo. 
Literalmente a pessoa vê, sente, ouve coisas que não existem e não tem senso ou ordem.
É geralmente considerada uma condição aguda reversível e pode ser causada por várias coisas, como: traumas crânio encefálicos, infecções, febres, ingestão de tóxicos ou drogas alucinógenas, ou doenças mentais, neste caso, irreversíveis ou semi.
Os Esquizofrênicos sofrem de uma condição delirante, vivem condições que para eles são reais, mas não existem na nossa realidade.

As ideias delirantes ou conceitos equivocados da realidade são um tema diferente que também pode ser explicado. Neste caso a pessoa não vê realmente coisas ou distorce a sua percepção da realidade, porém persiste sua falta de compreensão dos fatos e se agarra a conceitos equivocados.

Do ponto de vista neuropsicológico o cérebro algumas vezes passa por anomalias de ativação.

Primeiro vamos eliminar a ideia ou o “mito” que usamos somente 10% de nosso cérebro, isto não é verdade, usamos toda a capacidade de nosso cérebro todo o tempo, algumas partes fazem coisas diferentes, outras trabalham com memória, outras processam tarefas que fazemos, outras criam, outras controlam o corpo, os movimentos etc. Mas se utilizássemos somente 99%  teríamos que assumir que 1% estaria inútil, por ex, imagine que fosse o 1% que mantém seu coração batendo, portanto não, não usamos partes usamos o todo, o total.





Porém, temos que compreender o conceito de ativação e desativação das partes do cérebro.

A função cerebral funciona mais ou menos como constante fluxo de informação por via eletroquímica. Quando existe uma área de ativação estaremos mais inclinados ou imersos na atividade que foi ativada.

Ativação:
Imaginemos o a atividade cerebral como fosse uma lâmpada inteligente com a função específica de segurança, que serve para iluminar a porta e as laterais de uma sala. Ela estará sempre ligada emitindo 10watts de potencia, luz tênue que servirá para mostrar as pessoas que atravessam o local onde estão os limites desta sala, entrada e saída, contudo ela passaria de 10 watts para 110 watts se alguém abre um livro (pensamento, ou atividade específica) para ler alguma coisa.




Contudo sem haver uma razão para que a luz continue gastando 110watts de potencia, por ex: não haver ninguém lendo dentro da sala, as lâmpadas com sensores inteligentes estariam voltando a sua atividade normal de trabalho, emitir luz para delinear a sala apenas.  Isso seria a desativação do sistema especializado.






Algumas vezes deixamos livros (pensamentos, mal concluídos ou persistentes) dentro destas salas de nosso cérebro, o que produz uma ativação desnecessária e persistente em certas áreas de controle da razão ou dos pensamentos.
Sempre deixamos um ou outro “livro” por ai em nossas salas especializadas, isso é algo dentro do que chamamos “tolerância da normalidade”. Muitas áreas estarão sendo “ligadas” e irão permanecer assim até que este livro seja fechado ou removido.

Com que velocidade estas “lâmpadas” acendem e apagam?

Deveriam ser bastante intermitentes, quantas vezes fossem necessárias, mas à medida que há uma ativação, se espera que haja uma desativação uma vez que não estão sendo usada, isso pode produzir-se muitas vezes durante horas, minutos, ou até mesmo menos de segundos, depende que quanto tempo precisaria utilizar. Sempre o mecanismo trabalha de forma passiva, ou seja, volta a desativar, emitir menos sempre que não se utiliza, desativar é normal e esperado. Novamente desativar não é desligar, apenas diminuir a função ou derivar a função para outro estágio.

Veja um exemplo de uma área ativada em nosso Cérebro:
Esta é uma imagem onde a “área de Broca” está ativada.  Chama-se assim, pois foi designado por um médico Frances chamado Paul Pierre Broca que estudou a especialização do cérebro em produzir a fala.  Esta pessoa está falando.
Se esta atividade não voltar ao normal, ou seja, se não apaga, a pessoa vai falar e falar e falar sem controle, ou ira falar coisas sem conexão de maneira repetida, não conseguirá expressar seus pensamentos e sofrerá bastante com isso.
Portanto outra palavra importante para compreender como o cérebro funciona é a inibição.


Inibição:
Grande parte da atividade cerebral é ao contrário do que se pensa, é inibição, ou inibir áreas que devem deixar de estar ativas, portanto, inibir é um processo de controle e regulador das atividades cerebrais.
Acho que você já deve estar fazendo uma ideia de como a persistência dos pensamentos ocorrem.
Nosso cérebro é um conjunto de órgãos e áreas com funções específicas.
Aqui apenas uma divisão mais global


Contudo o cérebro é complexamente mais subdivido e especializado, vamos ver nesta próxima figura:
           

Se olharmos com atenção, no meio de nosso cérebro existem estruturas que são bem especializadas e tem funções especificas, não vou falar delas todas, isso fica para uma próxima curiosidade, apenas vou tomar uma como exemplo. Este exemplo não é a via da regra, nem sempre as coisas ocorrem aqui ou bem, não necessariamente todas ideias delirantes passam por aqui, é apenas um exemplo.

Existe uma área no cérebro chamada “Giro Cingulado” (veja na figura a cima), o contorno mais escuro em ambas as figuras, bem ao centro do cérebro) nesta área processamos e transitamos informações emocionais, é uma vida principal das emoções, sentimentos e sensações.
Se alguém não desativa esta área corretamente ira sofrer mais ou menos estas alterações:
Preocupações excessivas
Guardará memórias dolorosas do passado
Terá a tendências de agarrar-se a certos pensamentos (Obsessões)
Não conseguira controlar certos comportamentos (Compulsividade)
Desenvolverá comportamento opositor, uma forma de dizer “não” automaticamente a tudo e discutirá por tudo.
Não irá gostar de colaborar com nada
Propenso a vícios de todo tipo especialmente os químicos: Álcool e drogas.
Síndromes de compulsivas etc.
Síndromes relacionadas ao comer excessivo.


Este é um caso onde a área de trânsito de emoções e sentimentos fica comprometida e ativada sendo que  os pensamentos não vão embora, ficam lá dando voltas e voltas esperando que algo ocorra para serem desligados. Por uma ou outra razão os “livros” foram deixados abertos aqui neste corredor de informações, a área está ativa e não consegue desativar para voltar ao normal.

Geralmente todos os problemas psicológicos como depressão, angústias, desânimos etc. sofrem o mesmo processo.
Inúmeras são as razões por as quais a inibição não consiga ocorrer aqui.

Como fazer para que este sistema volte ao normal?

Toda ativação demora um tempo considerável para voltar ao normal, nestes casos “somente o médico” pode ajudar prescrevendo medicamentos que mudam a estrutura eletroquímica desta área fazendo com que a ativação cesse. Para evitar que existam novas ativações uma vez que esta área esta sendo restaurada a terapia cognitiva comportamental é a mais indicada. Sim, é necessária uma conduta terapêutica psicológica profissional para que estes sistemas não voltem a ativar-se de uma forma incontrolada (Quem deixou o livro aberto lá na sala?)

Conclusão: Pessoas que vivem ideias delirantes estão enfermas, devem buscar tratamento.
Uma vez que elas não têm consciência ou não se sentem com problemas é difícil conviver ou convencê-las de seu problema. A confrontação organizada entre várias pessoas de seu convívio é uma forma de demonstrar a estas pessoas que algo esta errado.  O objetivo sempre deve ser levá-las ao tratamento profissional.
 Quem determinará como foi que elas chegaram a ficar assim serão os profissionais de saúde mental (Psicólogos ou Psiquiatras). Pode ser que algo relacionado com a forma de processar a informação não está funcionando bem, ou exista coisas externas que levam a pessoa passar por estas experiências.

É um defeito sim, e também são “cabeças duras”.  Sim, mas nem sempre isso ocorre porque elas querem prejudicar alguém. Mude o termo “cabeça dura” por “cabeça ativada” Elas precisam concertar o botão químico de liga-desliga.

Paul McCullough

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