“... Minha prima é uma pessoa tão controvertida e problemática,
só faz confusões no ambiente de trabalho e entre amigos... Será que ela pode
ser uma psicopata ou alguém fez alguma macumba para ela?...”.
Conceitos importantes:
Transtornos = Desordem (Toda desordem pode ser
ordenada ou controlada)
“Patias”
= Doenças (Doenças podem ser causadas
por muitas variantes, ex: Biológicas
como no caso de “mal formação” ou problemas genéticos, virais (vírus),
bacterianas, traumáticas (físicas), químicas, etc.)
Portanto a psicopatia é uma doença e não propriamente um transtorno. A diferença
é basicamente que o transtorno é mais inclinado a ser psicológico e não a causa
do problema. Enquanto a doença é a causa do problema psicológico.
É bem complicado estabelecer o diagnostico onde uma
pessoa sofre uma psicopatia sem ter um contato com o comportamento da mesma. Somente
um diagnóstico profissional pode estabelecer que uma pessoa viesse sofrer algum
tipo de problema.
A psicopatia é um transtorno da personalidade e chama-se
“transtorno” porque faz que o comportamento externo fuja dos patamares sociais
adequados e ou, revela atitudes de desarranjo ou desordem neste
comportamento psicológico ou neurológico.
Antes de estabelecer qualquer tipo de “pseudo
diagnóstico” devemos pensar ou assumir que certas pessoas talvez estejam
passando por um problema emocional grave ou mesmo outra afecção, problema de
ordem psicológica.
Algumas pessoas estão condenadas a viverem
carregando sobre elas um “mito” um diagnóstico feito de forma popular e que não
condiz com a realidade.
Contudo, a pergunta é importante assim podemos
definir as coisas e eliminar o “mito” em torno a certos comportamentos.
Não creio que “bruxaria” tenha nada haver com isso.
As pessoas recorrem ao ocultismo por causa de suas incapacidades de lidar com
as coisas reais.
Este mundo cheio de mistérios e confusões mágicas é um
mundo mais curto, mais fácil. Mitologicamente as coisas mágicas são um caminho melhor
e mais rápido para resolver problemas. Na mente de gente que não tem coragem de
enfrentar o “real” ou “as realidades”, a mágica é a melhor coisa que pode
existir. Contudo, se uma pessoa precisa de atenção ela usaria melhor suas
energias se participasse de uma terapia. É a melhor maneira de encontrar-se e enfrentar
cara a cara as desventuras da vida.
Vamos começar a desmontar o problema que temos em
frente conhecendo os conceitos.
Transtornos que podem ser confundidos com
psicopatias:
Algumas
pessoas não veem aqui a diferença, contudo sem querer entrar no assunto mais
profundo e científico, gostaria novamente de resaltar o “transtorno” como o
sintoma psicológico e a “psicopatia” como a causa dos transtornos a um nível neuropsicológico.
Então, primeiramente vamos aos transtornos sintomas que confundem o
conhecimento público sobre quem é a pessoa do psicopata.
Problemas no EGO
Primeiramente vamos falar de Egocentrismo, pessoas com
o foco de suas atenções e ambições voltadas para elas mesmas.
Os egocêntricos ou egoístas são geralmente
confundidos como psicopatas, porque egoísmo é parte ou uma das características visíveis
em um psicopata.
Os egoístas existem em um espectro muito variado e
amplo, porém vamos falar de uma destas classificações. O “"eu" cego”.
As pessoas egocêntricas ou egoístas portadoras de um
“eu cego” não conseguem assumir responsabilidades por seus erros. Não é que façam
isto por maldade, mas sim, é uma incapacidade para reconhecer sí mesmo dentro de um problema. Não é possível para estas pessoas assumirem seus erros
ou falhas de qualquer tipo. Elas creem que a culpa é sempre dos outros. Elas vivem
uma dissociação social quanto a problemas, geralmente apontam o dedo em todos,
menos nelas. São pessoas dominadoras ou que demandam atenção.
Não são psicopatas, mas sim precisam encontrar
melhores meios para trabalhar sua autoestima, complexos de inferioridade ou
mesmo qualquer outro trauma que impede esta pessoa de ver-se a si mesma.
Este tipo de problema tem solução e pode ser tratado
com certa eficácia em um meio terapêutico profissional. A pessoa deve ser
confrontada por várias fontes de seu circulo familiar e social que em uníssono devem
sugerir o tratamento.
Existem várias formas de transtornos da
personalidade que são parecidos ou mesmo paralelos ao que comumente conhecemos
como psicopatia, contudo, nem todo animal de quatro patas é cachorro, não é?
Para estabelecer se uma pessoa padece destas
enfermidades ela deve ter mais de 95% dos sintomas apresentados de forma sempre
repetitiva e padronizada, ou seja, nunca mudará nem irá variar o seu padrão de
comportamento, apresentará sempre oito ou nove de dez sintomas descritos. Se a descrição dos sintomas ou sinais de
psicopatia, na escala de medidas clinicas dos transtornos estão inferiores à média
alta, então esta pessoa provavelmente não é portadora destes transtornos, não é
psicopata.
O Transtorno da personalidade antissocial (TPAS)
O Padrão sempre se repete na conduta de “desrespeito
aos direitos alheios”. Geralmente esta conduta aparece na adolescência, ou seja:
“já era assim na adolescência”, e a partir de ai, fracassa sempre em adaptarem-se
as normas sociais do meio que vive.
Algumas características deste comportamento:
- Desonestidade.
- Mitomania (crê que um determinado personagem deve ser seguido como regra de vida),
- É enganadora, busca sempre o próprio beneficio por prazer;
- Impulsividade,
- Irritabilidade e agressividade,
- Despreocupação imprudente de sua própria segurança a da segurança dos demais e falta de arrependimento das coisas ruins que fez.
Transtorno de personalidade limite (TPL)
Características:
- Dificuldade em tolerar a solidão, geralmente ou estão em um lado ou em outro, querem estar sozinhas ou não suportam estarem sós.
- Dificuldades para manter relações estáveis e confiáveis.
- Instabilidade nas relações pessoais.
- Dificuldades para controlar impulsos autodestrutivos caracterizados por impulsividade e descontrole ao menos em duas destas áreas (Sexual, gastos, abusos de medicamentos ou drogas, dirigir perigosamente, etc.).
- Ameaçar constantemente o suicídio com conduta manipuladora.
- Conduta manipuladora
- Mania de perseguição (ideação paranoica).
- Constante sentimento de vazio.
PSICOPATAS
Compare agora com as características do Psicopata:
- Violência explosiva física e verbal,
- Capacidade de transgredir normas etc.
- Geralmente possuem um coeficiente de inteligência alto.
- Capacidade acima do normal quanto a planificação dos seus pensamentos.
- Extraordinária capacidade de manipulação (consegue manipular pessoas e situações que geralmente não se dobrariam a isto).
- Marcante incapacidade de regulação afetiva, geralmente esta falta ou problema na regulação afetiva nem sempre é exterior, visível, esta pessoa pode estar sentindo uma profunda raiva e muitas vezes não a exterioriza.
- Este problema na regulação afetiva a leva a atos de violência breves, sem razão e sempre acompanhados de uma frieza fisiológica, ou seja, não expressam descontrole emocional, não há rastro de que houve um descontrole emocional.
- Em um caso de TPL (transtorno acima citado), a pessoa ficaria superafetada e nervosa, e iria tomar um monte de remédios para passar a irritação etc. Mas na psicopatia isso não ocorre.
- Os pesquisadores Walsh, Swogger y Kosson (2005) dizem que os psicopatas são marcados por este uso da violência “instrumental”, ou seja, usam a violência com formar de realização de sua enfermidade, violência premeditada, silenciosa e a sangue frio. Os portadores de TPAS usariam uma violência defensiva.
- Os psicopatas são incapazes de formar um vinculo afetivo profundo. Se uma pessoa quer ter um vinculo afetivo com outra, este “querer”, já por si só o tornaria um “não psicopata”, pois o psicopata não necessita ou não elabora este sentimento de vinculação, nem se quer o conhece, ele pode aproximar-se de alguém viver esta aproximação, mas dificilmente sentir da mesma forma.
- O Psicopata tem vínculos superficiais e de pouquíssima duração, pode fingir as emoções em forma a manipular até que cumpram com sua conveniência e alcancem um fim premeditado (planejado)(inteligente). Contudo, irá romper esta relação ou qualquer relação com muita facilidade e com um grande desprezo.
É verdade que nem todos os psicopatas são
criminosos, mas o fato de não cometerem um crime não muda o fato que eles são
capazes de fazê-lo sem o mais mínimo problema quando lhes convenha.
Não precisa ser criminoso para ser psicopata, eles podem passar a vida em
cometer nenhum crime.
Geralmente esta “regulação”, ou seja, sua
capacidade para tomar esta decisão de não fazer algo fora da lei: matar,
abusar, torturar etc. é apenas conveniente a eles mesmos, geralmente porque não
há necessidade disso em suas mentes ou porque encontraram um instrumento
psicológico onde eles possam praticar suas psicopatias.
Uma informação útil também é que um psicopata geralmente
sabe que ele é um psicopata, entende sua condição e se reconhece como é, é
muito inteligente e sabe e crê no que esta fazendo.
Agora, diante disto tudo, você pode fazer um
pouquinho o seu diagnostico.
Você ainda acha que a pessoa que você classifica
de psicopata o é?
Quem sabe talvez ela tenha um TPL ou TPAS, ou talvez seja algo
menor...
Às vezes precisamos tomar a valentia em dizer a algumas pessoas: “Você tem
demonstrado este comportamento que é típico de um transtorno, sinais claros que
algo não está bem. Posso ajudar você encontrar um caminho melhor?”.
Paul McCullough.