Ideias
Delirantes...
"...Gostaria
de saber sobre a capacidade que as pessoas têm de acreditar em seus delírios,
elas criam situações em suas cabeças a partir de seu ponto de vista e mesmo que
todos lhes mostrem o equívoco ela acredita piamente no que quer. E como é frequente
isso! Será um “defeito” ou só cabeça dura mesmo?..."
Conceitos
que vamos usar:
“Ativar” = maior
atividade sináptica, Sinapses é a comunicação eletroquímica entre os neurônios
(células do sistema nervoso)
“Desativar” = menor
atividade sináptica possível.
“Desligar ou desconectar”
= ainda quando usamos a palavras “desligar” ou “desconectar” o cérebro nunca
desliga nada, é uma forma de dizer “desativar”.
“Informação” =
sinais eletroquímicos procedentes da sinapse que percorre os nervos até o
cérebro e vice versa. O sistema de comunicação é sempre em forma de arco, ou
duas vias, uma que sai do cérebro e atinge os órgãos e uma que sai dos órgãos e
comunica com o cérebro. Sempre duas vias.
“Energia” = Nada
místico, energia aqui sempre será a produção de novas células e restauração das
mesmas, através de nutrientes, água, oxigênio etc., favorecendo o ótimo
metabolismo (trabalho) das células.
Delírios? Ou
ideias delirantes?
Delírio é
uma condição psicológica. É um estado agudo de confusão na
percepção, caracterizado por perturbação da realidade e acompanhada
por graus variáveis de comprometimento cognitivo.
Literalmente
a pessoa vê, sente, ouve coisas que não existem e não tem senso ou ordem.
É
geralmente considerada uma condição aguda reversível e pode ser causada
por várias coisas, como: traumas crânio encefálicos, infecções, febres,
ingestão de tóxicos ou drogas alucinógenas, ou doenças mentais, neste caso,
irreversíveis ou semi.
Os Esquizofrênicos
sofrem de uma condição delirante, vivem condições que para eles são reais, mas
não existem na nossa realidade.
As ideias delirantes ou conceitos equivocados
da realidade são um tema diferente que também pode ser explicado. Neste caso a pessoa não vê
realmente coisas ou distorce a sua percepção da realidade, porém persiste sua
falta de compreensão dos fatos e se agarra a conceitos equivocados.
Do ponto de
vista neuropsicológico o cérebro algumas vezes passa por anomalias de ativação.
Primeiro
vamos eliminar a ideia ou o “mito” que usamos somente 10% de nosso cérebro,
isto não é verdade, usamos toda a capacidade de nosso cérebro todo o tempo,
algumas partes fazem coisas diferentes, outras trabalham com memória, outras
processam tarefas que fazemos, outras criam, outras controlam o corpo, os
movimentos etc. Mas se utilizássemos somente 99% teríamos que assumir que 1% estaria inútil,
por ex, imagine que fosse o 1% que mantém seu coração batendo, portanto não,
não usamos partes usamos o todo, o total.
Porém,
temos que compreender o conceito de ativação e desativação das partes do
cérebro.
A função cerebral funciona
mais ou menos como constante fluxo de informação por via eletroquímica. Quando
existe uma área de ativação estaremos mais inclinados ou imersos na
atividade que foi ativada.
Ativação:
Imaginemos o
a atividade cerebral como fosse uma lâmpada inteligente com a função específica
de segurança, que serve para iluminar a porta e as laterais de uma sala. Ela
estará sempre ligada emitindo 10watts de potencia, luz tênue que servirá para
mostrar as pessoas que atravessam o local onde estão os limites desta sala,
entrada e saída, contudo ela passaria de 10 watts para 110 watts se alguém abre
um livro (pensamento, ou atividade específica) para ler alguma coisa.
Contudo sem
haver uma razão para que a luz continue gastando 110watts de potencia, por ex:
não haver ninguém lendo dentro da sala, as lâmpadas com sensores inteligentes
estariam voltando a sua atividade normal de trabalho, emitir luz para delinear
a sala apenas. Isso seria a desativação
do sistema especializado.
Algumas
vezes deixamos livros (pensamentos, mal concluídos ou persistentes) dentro
destas salas de nosso cérebro, o que produz uma ativação desnecessária e
persistente em certas áreas de controle da razão ou dos pensamentos.
Sempre
deixamos um ou outro “livro” por ai em nossas salas especializadas, isso é
algo dentro do que chamamos “tolerância da normalidade”. Muitas áreas estarão
sendo “ligadas” e irão permanecer assim até que este livro seja fechado ou
removido.
Com que
velocidade estas “lâmpadas” acendem e apagam?
Deveriam
ser bastante intermitentes, quantas vezes fossem necessárias, mas à medida que
há uma ativação, se espera que haja uma desativação uma vez que não estão sendo
usada, isso pode produzir-se muitas vezes durante horas, minutos, ou até mesmo menos
de segundos, depende que quanto tempo precisaria utilizar. Sempre o mecanismo
trabalha de forma passiva, ou seja, volta a desativar, emitir menos sempre que
não se utiliza, desativar é normal e esperado. Novamente desativar não é
desligar, apenas diminuir a função ou derivar a função para outro estágio.
Veja um exemplo
de uma área ativada em nosso Cérebro:
Esta é uma
imagem onde a “área de Broca” está ativada.
Chama-se assim, pois foi designado por um médico Frances chamado Paul
Pierre Broca que estudou a especialização do cérebro em produzir a fala. Esta pessoa está falando.
Se esta
atividade não voltar ao normal, ou seja, se não apaga, a pessoa vai falar e
falar e falar sem controle, ou ira falar coisas sem conexão de maneira
repetida, não conseguirá expressar seus pensamentos e sofrerá bastante com
isso.
Portanto
outra palavra importante para compreender como o cérebro funciona é a inibição.
Inibição:
Grande
parte da atividade cerebral é ao contrário do que se pensa, é inibição, ou
inibir áreas que devem deixar de estar ativas, portanto, inibir é um processo
de controle e regulador das atividades cerebrais.
Acho que
você já deve estar fazendo uma ideia de como a persistência dos pensamentos
ocorrem.
Nosso
cérebro é um conjunto de órgãos e áreas com funções específicas.
Aqui apenas
uma divisão mais global
Contudo o
cérebro é complexamente mais subdivido e especializado, vamos ver nesta próxima
figura:
Se olharmos
com atenção, no meio de nosso cérebro existem estruturas que são bem
especializadas e tem funções especificas, não vou falar delas todas, isso fica
para uma próxima curiosidade, apenas vou tomar uma como exemplo. Este exemplo
não é a via da regra, nem sempre as coisas ocorrem aqui ou bem, não
necessariamente todas ideias delirantes passam por aqui, é apenas um exemplo.
Existe uma
área no cérebro chamada “Giro Cingulado” (veja na figura a cima), o contorno
mais escuro em ambas as figuras, bem ao centro do cérebro) nesta área
processamos e transitamos informações emocionais, é uma vida principal das
emoções, sentimentos e sensações.
Se alguém
não desativa esta área corretamente ira sofrer mais ou menos estas alterações:
Preocupações
excessivas
Guardará
memórias dolorosas do passado
Terá a
tendências de agarrar-se a certos pensamentos (Obsessões)
Não
conseguira controlar certos comportamentos (Compulsividade)
Desenvolverá
comportamento opositor, uma forma de dizer “não” automaticamente a tudo e
discutirá por tudo.
Não irá
gostar de colaborar com nada
Propenso a
vícios de todo tipo especialmente os químicos: Álcool e drogas.
Síndromes
de compulsivas etc.
Síndromes
relacionadas ao comer excessivo.
Este é um
caso onde a área de trânsito de emoções e sentimentos fica comprometida e
ativada sendo que os pensamentos não vão
embora, ficam lá dando voltas e voltas esperando que algo ocorra para serem
desligados. Por uma ou outra razão os “livros” foram deixados abertos aqui
neste corredor de informações, a área está ativa e não consegue desativar para
voltar ao normal.
Geralmente
todos os problemas psicológicos como depressão, angústias, desânimos etc. sofrem
o mesmo processo.
Inúmeras
são as razões por as quais a inibição
não consiga ocorrer aqui.
Como fazer
para que este sistema volte ao normal?
Toda
ativação demora um tempo considerável para voltar ao normal, nestes casos
“somente o médico” pode ajudar prescrevendo medicamentos que mudam a estrutura
eletroquímica desta área fazendo com que a ativação cesse. Para evitar que
existam novas ativações uma vez que esta área esta sendo restaurada a terapia
cognitiva comportamental é a mais indicada. Sim, é necessária uma conduta
terapêutica psicológica profissional para que estes sistemas não voltem a
ativar-se de uma forma incontrolada (Quem deixou o livro aberto lá na sala?)
Conclusão: Pessoas
que vivem ideias delirantes estão enfermas, devem buscar tratamento.
Uma vez que
elas não têm consciência ou não se sentem com problemas é difícil conviver ou
convencê-las de seu problema. A confrontação organizada entre várias pessoas de
seu convívio é uma forma de demonstrar a estas pessoas que algo esta
errado. O objetivo sempre deve ser
levá-las ao tratamento profissional.
Quem determinará como foi que elas chegaram a
ficar assim serão os profissionais de saúde mental (Psicólogos ou
Psiquiatras). Pode ser que algo relacionado com a forma de processar a
informação não está funcionando bem, ou exista coisas externas que levam a
pessoa passar por estas experiências.
É um
defeito sim, e também são “cabeças duras”.
Sim, mas nem sempre isso ocorre porque elas querem prejudicar alguém.
Mude o termo “cabeça dura” por “cabeça ativada” Elas precisam concertar o botão
químico de liga-desliga.
Paul
McCullough
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